segunda-feira, 3 de março de 2014

O que está acontecendo aqui?

Queria compartilhar uma filosofia que tem sido útil para mim no ofício do desenho. Ano passado fiz um curso online de fundamentos do desenho e nele aprendi muitas coisas, mas o que mais ficou na minha cabeça foi a frase do professor: “O que está acontecendo aqui?”. Hoje, depois de digerir o aprendizado por mais de um ano, consigo entender porque essa frase foi tão marcante.

O professor dizia para sempre pensarmos e analisarmos o que estamos desenhando. Em vez de desenhar a primeira forma que vem à mente, deveríamos nos debruçar sobre cada parte do desenho e nos fazer a pergunta: “O que acontece aqui?”. Quais são as formas geométricas e qual delas está na frente, qual está atrás? Que tipo de material é esse, é mole ou rígido? Para que lado essa face do objeto está virada? Como é esse volume? Que textura tem essa superfície?

Todo desenhista é um observador nato e essas são perguntas que qualquer desenhista faz naturalmente e inconscientemente. A graça está exatamente nisso: quanto mais natural e inconsciente for a investigação, melhor. Mas existe uma armadilha: com o passar do tempo, a gente pode se perder num mar de ícones e formas conhecidas, relaxando no confortável sofá chamado repertório de imagens, e essa investigação das formas, materiais, texturas vai ficando cada vez mais esquecida. Deixamos de nos desafiar e de investigar novas formas para apenas desenhar o que já desenhamos antes, ou usar soluções gráficas que já vimos em algum lugar. Em consequência, o ritmo do nosso aprendizado diminui.

Para não perder de vista esse espírito de investigador, é importante, de tempos em tempos, trazer a pergunta novamente à superfície: “O que está acontecendo aqui?”. Fazer um desenho mais realista (mesmo que seu estilo não seja assim), tentar desenhar a partir de uma foto e se esforçar para ser o mais fiel possível às formas que está vendo pode lhe render bons frutos. Pensar conscientemente sobre cada aspecto do desenho que estamos fazendo nos ajuda a aprimorar nossa habilidade e nos força a pensar em novas soluções. Abaixo segue a minha versão tosca da ideia, só para exemplificar e mostrar que também da pra se divertir no processo. Segue também o link do curso que fiz, recomendo, é muito bom!


Drawing Fundamentals with Thomas Fluharty: http://www.schoolism.com/school.php?id=18

Abraço a todos e bons desenhos






Nenhum comentário:

Postar um comentário